prosa

A Negativa do Óbvio

O dia nublado e úmido parecia que as horas não avançavam. A chuva da noite ainda deixou a terra dos vasos seca, com seus conteúdos ainda meio murchos. Não deveria ter confiado na chuva para dar turgidêz às suas plantas. O tempo não é mais como antes. Ano passado, em uma época como essas tinha que esconder os vasos da chuva, chegou a parder alguns pelo encharcamento. Esse ano as coisas estão ao contrário, tem que esconder as plantas do sol, procurar os cantos onde a incidência de luz direta é menor e torcer para que não ressequem tanto.

No Brasil, a imprensa comunica com pesar a notícia que o meio acadêmico já escrevia a uns meses: a observação de clima árido em meio ao semi-árido que não para de crescer. Seca com umidade de Cerrado na Amazônia, umidade de Caatinga no Cerrado, chuvas equatoriais na região subtropical com direito a ventos intensos de ciclones em terras Tupiniquins. Mundo a fora, o frio ataca os continentes ao Norte depois da varreduras de tornados e furacões. A terra treme e os vulcões tentam compensar problemas que não são seus. Fontes menos poluentes de energia deixam de ser uma necessidade e passam a ser um imenso negócio, com todas as intempéries e imposições que o dinheiro leva por onde passa em meio à humanidade. Somado a isso, a indústria bélica de vento em polpa, com mercado que aparentemente só terá fim com o fim de todos nós. E ainda há quem diga que o mundo como o conhecemos não esteja em seus dias finais.

A negativa do óbvio já nos matou.

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